tag:blogger.com,1999:blog-77829234559604325452024-02-20T06:39:35.553+00:00Escrita OnlineUm blogue que não adoPta o Novo Acordo Ortográfico.Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comBlogger25125tag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-55360326585418586472012-12-02T13:07:00.002+00:002012-12-02T13:07:58.188+00:00Opiniões...<div style="text-align: justify;">
Boa tarde,</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi um prazer participar neste concurso! Apesar de nunca ter nenhum texto vencedor, foi um bom desafio e uma experiência positiva :)</div>
<div style="text-align: justify;">
Com os melhores cumprimentos,<br />Ana Carvalho</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_______</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olá,<br /><br />Antes de mais, obrigada, novamente, pela organização deste concurso. A participação nestes desafios foi, uma vez mais, um óptimo pretexto para exercitar a minha escrita e espero mesmo que seja um ponto de partida para "vôos mais altos".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Continuo a achar que o nosso país precisa de mais destas iniciativas que nos incentivem a criar. Não sei os motivos do interregno que vão fazer mas julgo que devem continuar e tornar esta estrutura mais profissional (não digo que o não seja já, digo que pode ser ainda mais). Poderiam, talvez, criar um site na internet com toda a informação e textos premiados, uma página de facebook por exemplo, apostar em mais divulgação, nomeadamente em orgãos de comunicação social. E talvez criar um perfil de cada um dos jurados - possível de fazer-se mesmo mantendo o anonimato. Bom, isto são só ideias porque julgo que esta é uma boa iniciativa e com potencial para ser desenvolvida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se precisarem, estarei ao dispôr.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />Cumprimentos a todos,</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />AnaLu</div>
Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-27211301420000931362012-11-27T12:05:00.002+00:002012-11-27T12:05:21.683+00:00:)<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: trebuchet ms,sans-serif;"><b>Finalizada a IV edição do COE a Organização gostaria de vos dirigir algumas palavras:<br /><br />As
primeiras, para todos, são de agradecimento: pelo interesse, pela
compreensão, pelo apoio, pela ajuda, pela colaboração... OBRIGADA.<br />
<br />Temos muito orgulho em ter distribuído prémios no valor de 200 <i>livros</i>!<br /><br />Infelizmente faremos, por agora, um interregno. Não deixem de ler, nem de escrever!</b></span></div>
Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-36613862816314749262012-11-25T20:20:00.000+00:002012-11-25T20:20:20.240+00:00IV COE - V Desafio<strong>Texto vencedor por <u><span style="background-color: white;">Storm Of Life</span></u>:</strong><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
E aquele dia acordou com sol, depois de vários dias de chuva. Olhou-o através da janela e isso fê-la entristecer-se. Raios, de novo aquele aperto no peito.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O movimento surdo das ruas, as pessoas que caminhavam, tudo alheio, tudo ausente. Não fazia mal. Também não queria sair para aquelas ruas, nem sorrir, nem manter as conversas de cortesia. Queria isolar-me para reaprender a viver. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Era sempre assim. Tinha aquele ritual absurdo e necessário. Nos dias em que se ausentava do mundo abria-se um espaço em negro, e não tinha como preenchê-lo. E aquilo era um círculo vicioso, volta e meia e acontecia.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Segurou as pesadas cortinas e correu-as deixando a sala numa obscuridade que era mais interior que exterior.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Fechava as suas janelas para o mundo, sentava-se naquele escuridão da sala e viajava pelo seu interior. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Havia tantas formas de a resgatar dali. Tantas. E tão poucas pessoas sabiam como. Por vezes havia gente que a resgatava casualmente. Uma frase, um gesto, uma atitude fazia-a sair. Outras vezes não, ficava ali, dias seguidos, sem conseguir sair de dentro de si mesma.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Era prisioneira de um estado de alma.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Eu entrei de rompante naquele mundo dela, tão só, agoniante até. Pairava por ali mágoa de tudo e de nada. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Uma acomodada irritação acendeu-se em mim, olhei-a nos olhos, e decidi ser a última vez que a encontrava naquele estado. Arranquei aquelas pesadas cortinas, os olhos dela fecharam-se com a claridade a romper pela sala. As sombras desapareceram, e pela primeira vez, a sua imagem deu lugar à minha, reflectida num espelho.</div>
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: PT;">E a última coisa que fiz, foi olhar-me no espelho como se me visse pela primeira vez.</span>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-82399393193011963492012-11-18T23:12:00.001+00:002012-11-18T23:12:43.093+00:00IV COE - IV Desafio<strong>Texto vencedor por <u><span style="background-color: white;">AnaLu</span></u>:</strong><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Mas regressemos a Janeiro
do ano anterior. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Eu tinha 26 anos a arder
no peito e acabara de abraçar uma carreira promissora e nova, com sede no Largo
do Rato. Dessa vida, era só minha a vontade soberana, e os dias corriam doces,
ao sabor dos seus ditames. Por isso era uma casa de portadas e paredes brancas,
com gatos dentro e amigos para jantar, com a promessa do rio no horizonte. Uma
villa de flores, varandins e azulejos, ali no coração da Graça. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lisboa-meu-amor</i> há-de sempre ser <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ali</i>, mesmo que eu não torne a regressar-lhe.)<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Havia a impetuosidade do
amor recente, mas com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dedicação de amor
antigo</i>. Havia o segmento Príncipe Real-Cais do Sodré, todos os dias, à saída
do trabalho. Havia cerveja, cinema e fado. Havia os meus lugares e a cidade a
ser-me casa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E nada fazia sentido.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">A decisão irrompeu de
mim, como a luz costumava fazer, feroz e evidente, a cada fresta da casa da
Graça. Na verdade nem foi decisão, surgiu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">como
um facto</i>. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não há planta nem pessoa que
floresça em clima agreste.<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Parei logo ali na biblioteca
pública do Carmo e, àquele computador obsoleto, exigi respostas, qual oráculo.
Amesterdão começou assim, urgente, numa sala que cheirava a bafio e velhos.
Depois, mais sossegada, fui observar os meus propósitos, defronte do miradouro,
em São Pedro de Alcântara. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Disse as pessoas o que
queriam ouvir, a poupar-me a qualquer desgaste que ao empreendimento não fosse
indispensável. Que já tinha trabalho, sim, insinuando uma qualquer cunha,
remota e apaziguadora. Escusei-me a ansiedades emprestadas, que não sou
repositório de medos alheios. Em Agosto comprei um bilhete sem regresso. E
comecei a despedir-me.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Do facto-decisão à
partida, passou exactamente um ano. Eu achei que a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pressa de mundo</i> não havia de impedir-me de tomar o meu tempo. E
assim dirigi-me a cada lugar, a cada pessoa. A família passaria a ser
recordação e saudade, por isso passei os últimos meses na terra-natal, a fazer
o divórcio, voluntário e amigável, que me garantisse a paz futura. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Parti de mãos e peito
abertos, em Janeiro de 2012, e com uma alegria a rasgar-me por dentro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estava <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mortinha por chegar a casa</i>.</span></div>
Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-78427488786553944782012-11-11T00:39:00.004+00:002012-11-11T00:39:59.995+00:00IV COE - III Desafio<div style="text-align: center;">
<strong>Texto vencedor por </strong><u><span style="background-color: white; font-size: large;">AnaLu</span></u><strong>:</strong></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Era Janeiro e estava sol.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Quis ir despedir-me de ti porque já só me faltava
alguns dias.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Quem guiou foi ele e eu ia assinalando caminho,
sorrindo às esquinas e às casas, num sossego plácido. Tentando reconhecer
qualquer coisa tua (nossa) naquele trajecto, nas ervas daninhas de beira-de-estrada, com casas semeadas amiúde e estrada de província.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Eu queria estar comigo para melhor poder dizer adeus.
E podia.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Eu explico. Passados dois anos do amor mais infinito
que me foi dado conhecer, apareceu ele. De início não foi óbvio, mas tornou-se
de tal modo intenso que não houve como ignorar. E eu entreguei-me-lhe sem
hesitação ou medo. Com ele tudo resultou em harmonia. E essa leveza permitia-me estar bem cá no fundo – e também junto dele - à superfície. É tão bom quando
tens alguém que te mantém à superfície e te salva assim dos teus próprios
abismos.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Acho que era cerca das quatro da tarde. Havia brisa e
restolho no ar e nós caminhámos devagar, de mãos dadas, ao lá chegar,
ziguezagueando entre vasos e arbustos. Não estava mais ninguém, só nós e
flores, imensas e de diferentes géneros, barricadas em grandes jarros
transparentes e água fresca. Para além disso, centenas de lápides,
anunciando <i>eterna saudade</i>. De resto apenas quietude.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Vislumbrei de longe essa árvore que serve de local de
encontro e te dá sombra. E de repente sinto-me tremer. Porque, finalmente,
curvada diante da campa e mãos na pedra, como que afagando-te, estava ela. Mãe
e órfã. Porque perder quem nasceu de nós é orfandade. Desatei num murmúrio aflito, de quem sabe não ter escapatória. E ele disse, <i>vai tranquila</i>. <i>Eu
espero aqui</i>. Eu fui então.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Ela estava de costas e eu tive que falar para que me
visse. Levantou-se com olhos arredondados de surpresa. Abraçou-me como se me
tivesse esperado todo aquele tempo, e chorou sem se reprimir.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Dois anos depois
do domingo em que me vesti de negro-que-nem-corvo (elegante-como-garça), ficámos assim, testemunhadas só pela árvore, porque ele estava focado na
biqueira dos próprios sapatos, sentado num jazigo, mais além.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span></span><span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Falámos de tudo, por fim, saltando de novidade em
novidade, dos dois anos em que eu não havia sido capaz de visitá-la. E ela,
mãe-orfã, disse que tu estavas muito contente por eu estar ali. E disse, <i>obrigada
por teres vindo</i></span><a href="http://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a><span style="font-family: Calibri;">. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Muito
obrigada por teres vindo</i>.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"></span><span style="color: black; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Dois dias depois vim para
Amesterdão.</span></div>
Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-71726245078360471362012-11-04T22:47:00.000+00:002012-11-04T22:47:32.096+00:00IV COE - II Desafio<span style="font-size: large;">Texto vencedor por <u>Storm Of Life</u>:</span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Oh não, lá vem aquela luz, e eu
sei, embora saiba por pouco tempo, tudo o que sucede daqui <st1:personname productid="em diante. N ̄o" w:st="on">em diante. Não</st1:personname>, não quero
sair! Que ferros são esses que me puxam e aleijam!?!? Estou tão bem aqui
quentinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo é cruel! E quem te diz é
a palmada que se avizinha assim que me tirares daqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não, não queeeerrrr.... pronto!
Já sabia que não me iam deixar ficar!</div>
<div style="text-align: justify;">
Aiiii!!! Eu chorava sozinho,
pá!!! Era preciso mesmo bater? Que raio de forma de começar a viver!</div>
<div style="text-align: justify;">
Passam a vida a passar
ensinamentos que na prática ninguém usa. Oh, eu também já fui assim! Apregoei
anos a fio palavras cultas que transmitiam paz e serenidade mas na verdade era
cruel por dentro, a ironia e o sarcasmo estavam sempre presente. Mas os outros
não viam, nunca vêem!! São demasiado egoístas para nos olhar de verdade, por
dentro! Só olham para o pacote exterior! Como se ele não servisse para apenas
nos transportar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Bem, vai começar tudo de novo.
Aprender a sugar para sobreviver, a andar, a falar, a escrever. Aprender a cair
e a levantar-me. Levar uns socos da vida. O primeiro beijo, o primeiro amor, o
primeiro desgosto. A primeira vez que se deseja que a vida termine, quando ela
não passa de um circulo vicioso, que nos deixa tontos e nos faz passar por tudo
uma e outra vez, e mais outra e outra...!</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois entra tudo numa rotina,
conclusão de estudos, trabalho, casamento, filhos, mesmo que a ordem não seja
invariavelmente esta, os acontecimentos são.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda não descobriram que a morte
não é mais do que um renascimento...</div>
<div style="text-align: justify;">
Hummm... que colinho macio o de
uma mãe, quase que diria que por isto vale a pena renascer.</div>
<div style="text-align: justify;">
E o que é isto que se sente
dentro de nós que nos apaga a memória mas nos enche a alma? Ahhh... O amor...
ele vai me fazer esquecer de todas as minhas vidas passadas e viver esta vida em
pleno, tal como a primeira vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Onde é que eu estava mesmo antes de nascer, mãe? E quando for velhinho,
vou para o céu? É verdade que antes de morrer vemos uma luz, mãe? E se eu não
quiser seguir essa luz, mãe? Ela puxa-me?</span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-size: large;">Texto vencedor por <u>AnaLu</u>:</span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Morreste-me em Agosto, no primeiro dia, quando a vida estava
mesmo a começar. Não chegaste sequer a saber. Eu havia guardado tudo para mim
como um fogo do qual só se pudesse ter notícia quando extinto. E por isso tu
foste sem saber.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Lisboa era intenção e promessa. Iamos viver juntas outra vez
e criar, finalmente, o nosso espectáculo de teatro. Disseste-me, para a semana
ligo-te e planeamos tudo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri;">Para a semana ligo-te
e planeamos tudo.</span></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Durante os quinze dias em que estiveste em coma eu encontrei
trabalho num dos meus sítios preferidos da cidade. E esperei, pacientemente,
para te contar. Disse à tua mãe que não queria ver-te, que tinha muito tempo,
quando acordasses.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri;">Quando acordasses.</span></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Por isso esperei cá fora, esperámos cá fora, de lábios
apertados e mãos em novelo. Entrava um de cada vez por quinze minutos com
limite de três visitas por dia. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Um-quinze-três</i>.
Eu não ia roubar-<i style="mso-bidi-font-style: normal;">lhes</i> esse espaço. Um-quinze-três.
E estive sempre calma porque <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tu ias
regressar</i>. Dêem-lhe tempo, dizia. Ela precisa de tempo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Recordo-me que nesse dia usava, por casualidade, um xaile
preto. E estava numa relojoaria a pôr uma pilha nova num relógio de infância. Era
um Flik Flak cor-de-rosa. Faltava meia hora para o meu primeiro dia de trabalho.
E então recebi o telefonema.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri;">Está tudo bem, menina?</span></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Estava abafado e eu vim para o meio da rua. Tentei ligar-lhe
mas acho que ele não atendeu, não sei. Então fiquei à espera. Era estranho que
passassem carros e pessoas e que houvesse prédios e um céu azul. E vi, no meu
relógio velho com pilha nova, como numa ampulheta, os minutos a passar, até que
a minha nova vida começasse.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">No primeiro dia depois de tudo eu fiquei sem nada. E tu não
podias saber. Não podias saber da gaiola aberta. Não podias saber do silêncio
dele como coisa que se cerra nem da minha desistência. Nunca pudeste saber da
barba como um rio e de tudo o que se seguiu depois. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lisboa, meu amor</i>. Lisboa.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Ele reapareceu-me naquele domingo e segurou-me com força o
tempo todo. Estava toda a gente lá. Eu levava o xaile preto e calças novas - fui
ao teu funeral elegante como uma garça.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Continuei, paciente, a espera, desde então</span><a href="http://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a><span style="font-family: Calibri;">.
Já passaram três anos e talvez passem muitos mais. Tenhas tu a forma que
tiveres, reconhecer-te-ei quando conseguir encontrar-te.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E a minha-nossa vida poderá, enfim, recomeçar.</span></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"></span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"></span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-size: large;">Texto vencedor por <u>Richard Teixeira</u>:</span></span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Naquela manhã normalíssima de
Outono, num apartamento comum, ouviu-se um grito estridente que atravessou a
manhã.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aiiiii, que dor de cabeça</i> - disse só para mim enquanto me olhava ao
espelho do wc.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Aiiii, porra que se passa</i> - gritei alto. Senti-me logo a tombar,
fletindo pelos joelhos, com as mãos suadas e apertando fortemente as têmporas
grisalhas...</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Rodopiei como uma folha de Outono
e contorci-me numa dor agonizante, pensei de imediato que ia morrer.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Depois foi como se me pusessem um
pano de seda branco à frente dos olhos, via a vida em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">slow motion</i> e sentia um forte zunido nos ouvidos, sentia sangue na
boca, na guelra, sentia uma espada cravada no crânio, profunda.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">João, João! Que tens? Ai meu deus</i> - disse Maria, minha mulher.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Naquela manhã normalíssima, nos
cuidados intensivos do Hospital.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PI...PI...PI...</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- Sr.º Doutor penso que o
conseguimos salvar! Os sinais vitais estão estáveis. A operação correu bem -
disse Teresa, a enfermeira.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sr.ª Enfermeira, não sei se alguma vez ele será o mesmo</i> - disse
Jorge, o médico.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PI...PI...PI...</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Epá estou tão cansado! Que se passa comigo</i>? <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tenho os olhos tão pesados que não os consigo abrir</i> - disse eu.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não me consigo mexer, merda! - Que é isto que tenho enfiado no nariz? -
Que <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PI PI PI</b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>irritante é este? Porra, onde estou? Quem
está ai?? Que cama é esta?</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PI...PI...PI...</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sabe, o seu marido teve uma aneurisma muito forte</i> - disse Teresa, a
enfermeira, ouvi baixinho entre o chorar triste de Maria.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ele recupera? Diga-me que sim, por favor</i> - disse Maria, minha
mulher.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não sabemos sinceramente</i> - disse Teresa, a enfermeira.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">(alguns dias depois)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PI...PI...PI</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Maria és tu? Amor, ouve! Estou aqui, estou bem, estou-te a ouvir, a
sentir tudo, estou vivo! Vem aqui, aproxima-te, quero sentir o teu cheiro, os
teus cabelos, a tua pele novamente...</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Maria vem aqui! Beija-me agora, abraça-me! Vou-te fazer uma mulher à
modos, vem, vamos viajar sós por aí, vem, vou trabalhar menos, nem te deixo
sozinha pelos cantos, vem vá, se me deres um beijo talvez acorde quem sabe...
quero nascer outra vez...</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Maria por favor não deixes desligar a máquina que me mantém vivo! Sou
eu o teu Jorginho. Vem, quero nascer, quero renascer o nosso amor. Vem, prometo
ser teu amigo, fiel!</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Vou fazer-te feliz novamente...</i></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">PIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPI</span></b></span></span></div>
Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-54429582691749881492012-09-18T20:44:00.003+01:002012-10-28T19:20:38.894+00:00IV COE - I Desafio<div style="text-align: justify;">
<strong><em>Texto Vencedor por</em> <span style="background-color: white;">Storm Of Life</span><em>:</em></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Novamente Outono.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Tenho saudades dos Outonos secos que outrora havia. Agora chove sempre, as nuvens aliviam a sua carga da mesma forma que eu alivio a minha. Chorando.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Olho para os vidros embaciados, para o impacto das gotas ferozes que nele embatem e comparo sempre ao embater das minhas lágrimas no vestido branco.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Parasse o tempo um ano atrás.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Naquele dia o pé não parava de bater no chão, num ritmo certeiro que marcava o tempo. O tempo. </div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Mas porque é que não para de chover, mãe?</i></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">- Sorri</i> – dizia-me confiante, mas com a lágrima pronta a cair e as mãos a tremer de emoção – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Este é o primeiro dia do resto da tua vida</i>.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Com o abotoar do último botão do longo vestido veio-me à memória a forma como ele tinha surgido na minha vida, a fila interminável dos correios, o olhar penetrante e a conversa que dali surgiu.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Minutos depois, abandonamos a fila, e conversamos horas a fio. Nunca mais nos separamos. Amávamos a vida que tínhamos construído e éramos felizes. </div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Uma noite surpreendeu-me com um jantar romântico, velas acesas e vinho num <i style="mso-bidi-font-style: normal;">frapé</i> colocado na mesa requintada. Pediu-me <st1:personname productid="em casamento. Queria" w:st="on">em casamento. Queria</st1:personname> um daqueles casamentos à antiga, em que o noivo espera horas pela noiva cujo pai trará ao altar. Queria o “na saúde e na doença”, “na riqueza e na pobreza”. Queria o “até que a morte nos separe”.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
A mim bastava-me o deleite que sentia na vida que tínhamos. </div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Acedi por amor, e ali estava eu, nervosa como nunca, pronta para ir para o altar.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
O carro parou junto da igreja, alguém fez sinal para que eu não saísse ainda. O noivo estava atrasado. Murmurei qualquer coisa por ele ser um cabrão e fazer-me esperar por ele. Mas os minutos foram passando. A alegria dos olhos dos convidados, deram lugar a alguma tensão e preocupação. As más notícias não tardaram a chegar. Um acidente na estrada, a chuva, o carro que capotou... o choro da família. </div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Fiquei presa ao banco daquele carro, o coração a bater descontroladamente, o peito a doer. Ardiam-me os olhos.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">-Não, não... não!!<o:p></o:p></i></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Pestanejo os olhos para afastar a memória desse dia. </div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Ainda te vejo sentado no sofá da nossa casa a chamar por mim em dias de chuva.</div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="justify" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
Parasse o tempo um ano atrás. E aquele não teria sido o primeiro dia do resto da minha vida.</div>
Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-57448790053020957892012-07-13T15:22:00.000+01:002012-07-24T10:53:52.901+01:00FeeDBaCK<div style="text-align: center;">
<b>Concluída a 3.ª edição desta iniciativa,</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>a Organização do COE orgulha-se de já ter distribuído prémios no total de</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="background-color: white; font-size: large;">150 </span></b><span style="background-color: white; font-size: large;"><i>livros</i></span><b>!</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Obrigada a todos. :)</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Aguardamos as vossas sugestões e comentários no mail <i style="color: #783f04;"><a href="mailto:c.escrita.online@gmail.com">c.escrita.online@gmail.com</a></i>.</b></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parabéns pela iniciativa! Parabéns aos vencedores!<br />Grata pelas sugestões deixadas ao longo do concurso.<br />Votos de boas férias, com esperança de nos encontrarmos após época estival,<br /><br />Luísa</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_____________________________________</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olá:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />Se bem que nem sempre tenha sentido os temas dos desafios como muito interessantes, penso que é um exercício de criatividade a escrita de um texto nos moldes dos do concurso. <br />A organização do concurso está, pois, de parabéns.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
_____________________________________</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Continuem a mandar o vosso feedback: as vossas opiniões | dúvidas | sugestões são, para nós, de grande importância. Obrigada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A Organização.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-79920654288540513462012-07-07T23:26:00.002+01:002012-07-07T23:26:22.554+01:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><strong>III COE - V Desafio</strong></span></div>
<br />
<strong><em>Texto vencedor por </em><span style="background-color: white;">Marta</span><em>:</em></strong><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="font-family: Calibri;">Deixa-me
olhar para ti antes que eles venham. As televisões, os arqueólogos, os peritos
disto e daquilo. Deixa-me ver-te bem, agora que estamos os dois sozinhos, como
nunca antes nos tinham dado oportunidade de estar. É sempre assim. Eu
descubro-vos e eles roubam-vos de mim no minuto em que eu me deito para uma
merecida sesta depois de anos de procura. Pudesse eu e levava-te para casa. Pudesse
eu e deitava-te na cama, fazia-te sentir mais do que um amontoado de ossos que
lembram passados que eu não vi nem vivi. Não me interessa quantos anos viveste
antes de mim, ou há quantos morreste sem que eu tenha tido oportunidade de te
dar a mão. Não interessa o tempo que nos roubaram – roubam sempre – porque tu
existes por muito que eles olhem para ti e achem que o teu lugar é um museu
desabrigado de afectos. Desta vez não vou deixar. Eles já vêm a caminho, eu
sei. Por isso não vamos esperar por eles. Desta vez não te deixo e, de certa
forma, ao levar-te comigo levo também todos aqueles e aquelas que abandonei sem
querer ao longo deste caminho que escolhi, ou me escolheu, sei lá eu. Não te
assustes, peço-te, com a viagem. Estamos longe do sítio para onde te quero
levar mas um dia chegaremos. Ouço barulho ao fundo, são eles, eu sinto. Temos
de nos apressar antes que nos descubram aqui, ao lado um do outro, como se
polidos da mesma areia de onde te desenterrei, estátuas perdidas numa terra
longínqua sem saber o que vem a seguir. Os solavancos que agora sentes são
normais, o terreno é instável e a carrinha não está preparada para alguém como
tu, mas vão passar, passam sempre. Não te vou abandonar, não penses. Vou saber
a quem pertenceste, de onde vinhas e para onde ias afinal quando um qualquer
obstáculo te quedou onde te encontrei. Por muitas voltas que a terra tenha dado
em torno do Sol desde o teu último suspiro. E depois vais descansar,
finalmente, num sítio à tua altura. </span><a href="" name="_GoBack"></a><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Um dia
vais ser tu, avô. Um dia vou-te descobrir. E vou escrever numa lápide à tua
medida que morreste numa guerra que não escolheste. E de onde só veio uma carta
a dizer ‘desaparecido’, nada mais. Um dia vais descansar avô, prometo-te. Nem
que para isso eu tenha de morrer também.</span></i></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-7111697452716337412012-07-01T23:59:00.003+01:002012-07-02T00:18:17.999+01:00<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: large;"><strong>III COE - IV Desafio</strong></span></div>
<br />
<span style="font-family: Calibri;"><strong><em>Texto vencedor por </em><span style="background-color: white;">Jaime A.</span><em>:</em></strong></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Senti o cheiro,</span></div>
<span style="font-family: Calibri;">o bafo de uma noite</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">que trazia ainda os restos</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">de um rio quase adormecido,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">embalado pelas ondas do mar que o afagava,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">talvez já parado no tempo da curta sedução.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Era uma luz baça,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">a que iluminava a
travessa-da-entrada-do-bar-dessa-noite-encantada</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">resquícios de uma tarde meio bolorenta,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">pegajosa, também ela em jogo de sedução,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">de toca-e-foge,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">agora-estou-no-coito.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Na contracorrente, num jeito quase bamboleante,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">passeavam-se casais,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">militares de passo acertado,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">desfile na parada;</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">havia também solitários,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">(rotundos como no jogo)</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">estes, abraçavam as imperiais,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">como se o líquido sacudisse o isolamento,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">num trago jogado fora.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Outros havia,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">(estes mais interessantes),</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">pois não sendo ainda dos primeiros,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">já não seriam, certamente,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">dos segundos.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Não tinham poiso:</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">onde encontrá-los?</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Talvez na baía dos sonhos,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">no teatro-savana-da-caça,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">no retiro do ver-e-ser-visto.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Enquanto se encostavam à parede,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">a perna dobrada,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">um quatro em busca de dois,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">disfarçavam um sorriso,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">um ar de êxito antecipado,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">uma vitória sem luta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Um jovem guardou-me a atenção:</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">calças justas, camisa engomada,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">sapatos de bom toque,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">sem cigarro;</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">os lábios descaíram um quase-sorriso:</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">seguiu pela entrada-do-bar-dessa-noite-encantada.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Passou o tempo que a minha imperial</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">diluía.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Saiu, conversando com a rapariga</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">mais bela,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">mais linda,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">mais bonita</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">que eu vira nessa noite.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Falaram,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">e eu, repórter</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">refinadamente chegado ao grupo</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">dos segundos,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">captei-os, entre linhas.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">O rir dele penetrou pelo dela dentro,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">o jogo dos olhares estava consumado,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">admirei os jogos de pés,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">assombraram-me duas, três palavras</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">sussurradas entre o vento nos</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">salgueiros<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ausentes,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">o jogo de sedução, enfim,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">o toca-e-foge,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">agora-estou-no-coito.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Seria de esperar</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">uma Lua abençoadora,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">beneplácito murmúrio</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">de tocatas-e-fugas,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">(mas isso é nos filmes):</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">aqui há cumplicidades,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">trocas em vagas ruidosas,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">e as mãos fugindo</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">(nem se sabe para onde):</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">ela em jogo de sedução,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">de toca-e-foge,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">agora-estou-no-coito</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">(sempre no coito)</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">e ele com ela jogando.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Agora a luz baça,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">a que iluminava a
travessa-da-entrada-do-bar-dessa-noite-encantada,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">vai iluminando as suas costas,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">escorregando e debruando</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">os seus destinos,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">os seus passos,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">os seus caminhos;</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">mas o que quero?</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">A vida está suspensa</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">num jogo de luz e sombras:</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">por muito que tente e se acoite,</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">é sempre um:</span><br />
<span style="font-family: Calibri;">"<em>Affair</em> de Sábado à noite"</span>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-13744672261046501262012-06-24T16:22:00.002+01:002012-06-24T16:22:31.243+01:00<div style="text-align: center;">
<strong><span style="font-size: large;">III COE - III Desafio</span></strong></div>
<br />
<strong><em>Texto vencedor por </em><span style="background-color: white;">Marta</span><em>:</em></strong><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Foste tu que pediste para te matar na Primavera.
Enquanto ainda há flores, amor. Tu a pedires-me para eu te matar e a chamar-me
amor ao mesmo tempo, na mesma frase, com nano-segundos de intervalo entre uma palavra
e outra, fez-me acreditar que matar só podia ser uma coisa boa, só podia. O
amor é bom e tu chamaste-me amor. E a partir daí eu sempre soube que te ia
matar na Primavera, enquanto ainda há flores, amor. Nunca me questionei <i style="mso-bidi-font-style: normal;">por que raio </i>querias tu morrer, nunca o
fiz, e se calhar nunca te amei como tu me amaste. Porque se eu te amasse, sei
agora, ter-te-ia feito desistir da ideia. Passaram várias Primaveras antes de
eu te matar. E vários Invernos, Outonos e Verões. Passaram-se anos sem te ver.
Eu para um lado e tu para o outro. Tu casado, três filhos, dois deles varões
como sempre sonhaste; eu e vinte e um gatos juntos na mesma casa. Voltámos a
rever-nos quando há muito tínhamos esquecido o pedido e a promessa. Estavas
igual, sentado e sereno de jornal no colo no consultório do dermatologista onde
eu tinha ido por causa de uma mancha persistente e tu não sei sequer porquê.
Olhaste para mim como quem questiona a capacidade alheia para cumprir promessas
e eu olhei para ti com a certeza de que a ia finalmente cumprir. Saímos juntos
do edifício acinzentado e quando te beijei morreste-me nos lábios. De ataque
cardíaco, ouvi dizer no funeral, sem que ninguém tenha associado a morte à
alergia ao mentol que o médico descobriu nas análises quando tinhas três anos.
Tinha o batom na mala, tive sempre, estes anos todos, para lábios gretados e
para mortes prometidas. Matei-te na Primavera, faltavam dois dias para o Verão,
e matei saudades dos teus lábios enrugados pelos quarenta anos que passaram.
Matei-te enquanto há flores e foi a única vez na vida que te amei. Deixei-te no
altar porque nunca te conseguiria amar. Devia-to ter dito antes de te matar mas
provavelmente saboreaste a verdade nos segundos em que sentiste os meus lábios.
Por isso morreste, acho eu, nunca saberei se foi o mentol afinal. Talvez não
tenhas aguentado a verdade que nunca te contei. Matei-te na Primavera amor,
enquanto ainda há flores. E descobri que sou capaz de cumprir promessas
atrasadas. Talvez seja afinal capaz de tudo.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-17206994129971307922012-06-17T18:06:00.000+01:002012-06-17T18:08:04.988+01:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><strong>III COE - II Desafio</strong></span></div>
<br />
<strong><em>Texto vencedor por </em><span style="background-color: white;">AnaLu</span><em>:</em></strong><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT;">Começou
tudo por ser estranho e estupidamente simples: os olhos dela brilhavam.
Brilhavam a cada vez que ela falava, como duas lanternas pequeninas no escuro.
Eu, que não estava habituado a querer saber de miúdas, tentei fingir que ela
não era a coisa mais bonita e mais leve que eu já tinha visto na vida. O nome
dela, esse nome que eu mais tarde deixei de conseguir pronunciar, fascinou-me
tanto que eu passava os dias a escrevê-lo nos cadernos, nas mesas, nos ténis,
em toda a parte: uma actividade ultra secreta e deliciosa. Entreguei-me, tipo
prisioneiro, ao cheiro daqueles cabelos emaranhados e longos, ao riso dela,
esplêndido, a ecoar no vento enquanto caminhávamos, eu embasbacado a ser
espectador do milagre que era aquela pessoa a viver, ali ao meu lado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT;"></span><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT;">Mas depois veio a dor. Foi um
aperto tão grande por dentro que pensei que o meu coração se transformava em
polpa de tomate. Foi como se de repente a minha vida se tivesse tornado num
grande silêncio que ninguém pode compreender. No meio da confusão do balneário,
depois dos jogos, deixava a água a lavar-me o suor e a vergonha de chorar no
meio de uma equipa inteira de basket, as lágrimas a serem banho, sem que
ninguém visse. Eles não sabiam nada, repetiam-me, ridículos, que passava, que
sou tão novo e há tantas outras raparigas por aí. Eu não sei se há muitas ou
poucas porque em todas vejo a cara dela. E em todas procuro aquele sorriso
grande e aquele tom de voz agudo e meigo. O nome dela passou a ser uma espécie
de chicote a magoar-me mais ainda que aquelas palavras, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quero acabar</i>. Às vezes gostava de poder voltar atrás, para que
pudesse estar junto a ela mais uma vez, nem que fosse só como amigo, como no
princípio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT;"></span><span lang="EN-US" style="font-family: Verdana, sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Arial; mso-fareast-language: PT;">Dizem-me que o tempo cura
tudo. E eu finjo que acredito. Mas cá no fundo de mim sei que sem ela nunca
mais voltarei a ser inteiro. Isto tem sido como li ontem, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um solitário andar por entre a gente</i>, a stôra a mandar-me ler o
poema, eu a querer recusar com a voz a tremer e ela, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">leia</i>. Parece impossível que o único homem que consegue entender o
que eu sinto viveu há 500 anos atrás. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Uma
ferida que dói e não se sente</i>. E a minha tem um nome: Berta.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-76570043927795513892012-04-30T10:49:00.000+01:002012-06-10T15:43:39.146+01:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>III COE - I Desafio</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<strong><span style="font-family: Trebuchet MS;"><em>Texto vencedor por</em> <span style="background-color: white;">Marta</span><em>:</em></span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Usava a mesma fita desde que se lembrava de existir.
Ou desde que tinha cabelo. Recebia volta não volta outras fitas, outros
adereços, mas ficavam esquecidos em cima da cómoda onde os poisava depois de
abrir o embrulho. Aquela fita, a mesma que usava desde que se lembrava de
existir, ou desde que tinha cabelo (pouco importa), pertencia-lhe tanto como o
nariz adunco e as três sardas que se encavalitavam na bochecha esquerda, ali a
meio caminho entre o olho e a boca. Aproveitava o Verão para a lavar. As noites
eram quentes, a fita secava enquanto dormia – não chegava ao ponto de a levar
para a cama – e de manhã lá estava ela, a segurar-lhe os cabelos que a genética
fizera revoltos. Lembra-se do dia em que a mãe – ainda moravam juntas no sótão
acanhado de duas assoalhadas – lha roubou. Era uma brincadeira. ‘Queria ver a
tua reacção’ disse-lhe quando a viu em lágrimas. Nesse dia não saiu de casa.
Sem a fita recusava-se. Tinha dez anos e andava na quarta classe. Fechou-se no
quarto, o cabelo num desalinho em cima da almofada, e não foi à escola. A mãe
não repetiu a graça. Com o passar dos anos deixou de ser conhecida pelo nome
próprio, era a da fita vermelha em todos os locais por onde passava. Escolas,
estágios, empregos sérios e não tão sérios. Como se a fita fossem uns óculos
graduados ou uma gaguez. Como se a fita fosse o que a diferenciava dos demais,
mais do que um QI elevado ou um talento para cantar. Fez, ao longo dos anos,
várias tentativas para mudar a cor da fita. Pelo menos a cor, pensava. Nenhuma
resultou. Até ao dia em que, numa viagem de comboio, pôs a cabeça de fora e a
fita lhe voou. Tão depressa se soltou como a deixou de ver. Tão depressa chorou
como desatou a rir, a rir incontrolavelmente. A rir como se dentro dela um
interruptor tivesse sido carregado por uma entidade anónima que lhe vivesse nas
estranhas. A liberdade deve ser isto, pensou. Um empurrãozinho para poder fazer
aquilo que até aí não se conseguiu. A liberdade pode ser uma fita que voa e
deixa os cabelos ao vento num intercidades apinhado de estudantes. Ou pode ser
um campeonato, onde se decide escrever em desafios semanais. Um empurrãozinho,
só isso. E depois a liberdade.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong><em>Texto vencedor por</em> <span style="background-color: white;">AnaLu</span><em>:</em></strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Excelentíssimas senhoras e senhores, excelentíssimos membros
do júri, excelentíssimos acusadores e acusados, excelentíssimos ouvintes, meretíssimo:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Fui intimado a subir a este palanque a fim de indicar em
termos resumidos e certos as razões que me levaram à inscrição nesse concurso
de escrita acerca do qual muito se tem especulado e nada se sabe. Acusam-me de
envolvimento com gente suspeita, gente de leitura e de palavras, que as consome
e também as produz, com zelo e dedicação tamanhas que tal modo de vida só pode
esconder obscuro propósito. Assim me justificaram a investigação entretanto
iniciada e na qual fomos tomados, eu e os restantes, como réus.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nunca fui bom juiz em causa própria e das razões que me
fundam pouco sei, mas comprometi-me com a verdade e por isso aqui estou, e a
bem dizer não teria outro remédio aos olhos da lei.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pois bem, a pouca eloquência de aqui aqui darei prova é
precisamente aquela que me trouxe a escrever segundo desafios proposto por
pessoas cuja identidade desconheço.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Pois que é nas palavras que me procuro,
rebuscando sintaxe e gramática, sinónimos e antónimos, verbos e adjectivos,
metáforas e aliterações, tal como um trolha brita a pedra que nos servirá de
caminho. E qualquer pretexto me serve para tal empreendimento. Por </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">vezes não
sei se aquele que caminha sou eu ou um outro que entretanto nasce das frases e
ideias que formulei e duvido se me encontro ou perco mais ainda. Nada há,
porém, que consiga impedir esta sensação de me encontrar em casa a cada vez que
me sento a escrever ou até quando, mesmo que não tenha papel ou caneta, me
assalta uma remota memória ou intriga que objectivamente nunca vivi,</span><a href="http://www.blogger.com/" name="_GoBack"></a><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> mas que me faz jorrar palavras no cérebro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Meus senhores: de mim, como vêdes, pouco sei, dessa
gente que organiza a actividade menos ainda, mas sei que tenho de escrever.
Sempre assim fiz e no entanto continuo a ignorar o que seja ser-se um escritor,
tal como ignoro o que seja ser-se médico, agricultor ou contabilista. A escrita
vive connosco como uma condição da qual o sujeito padecente não pretende
curar-se. Decidi-me a participar neste evento seguindo o mesmo impulso com que
escrevo - não importa o quê – como um animal que procurasse tornar-se pessoa a
cada palavra, ou como uma cabra cega no escuro, na demanda da sua própria
morada.</span></span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-65596897467459412382012-04-22T00:36:00.002+01:002012-04-22T00:36:49.453+01:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: large;"><strong>II COE - V Desafio</strong></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: inherit; font-size: large;"><strong>Texto vencedor por Marianne:</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Encontrei
Deus numa tarde de chuva. Combinámos o encontro uns dias antes e Deus foi
pontual. Imaginava-O de outra forma. Imaginava-O mais velho, mais grisalho,
mais marcado por milénios de existência. Percebi rapidamente que andei a vida
inteira iludida com imagens baseadas em coisa nenhuma. Apesar de ser diferente
do que eu imaginei, a serenidade com que me recebeu foi a mesma que fui
ensinada a reconhecer-Lhe. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Mantive-me
de pé à Sua frente, mais por não saber o que fazer do que por respeito ou medo.
Acolheu-me num abraço silencioso, de carinho e empatia. Pediu-me que me
sentasse e que perguntasse o que quisesse. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Se Deus é bom, como é possível que haja tantas coisas más no mundo?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Rejo-me por um princípio bastante simples: apenas experimentando o mau se pode
apreciar o bom. O mundo não será nunca um paraíso isento de maldade. As pessoas
não são todas boas e nisso eu não interfiro. Limito-me a aceder a alguns
pedidos. Não a todos, porque há pedidos que não fazem sentido. Existem guerras
porque as pessoas as fazem. Há quem mate e quem morra e sempre foi assim.
Imagina um mundo sem morte. Insustentável, não te parece?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Porque é que permites que morram crianças?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Quem julgas tu que ensinou a Lavoisier que nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma? Há crianças que morrem porque precisam de morrer. Algumas para
ensinar os pais a lidar com coisas maiores do que eles. Outras porque estão
destinadas a regressar a algo ainda maior. Todas voltam a viver, não te
preocupes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Porque é que nem todos os criminosos pagam pelos crimes que cometem?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Tal como é insustentável que exista um mundo sem morte, também é impossível que
haja um mundo sem crimes. Porque os crimes são cometidos contra alguém e esse
alguém acaba a chamar por mim. Um mundo sem maldade, sem crimes e sem morte é
um mundo onde Deus não é necessário.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">-
Perdoas-nos?</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">- Perdoo. Mataram-te porque
algo pior estava a matar-te. Acabarias junto a mim, fosse de que forma fosse.
Não ias morrer sozinha e pediste ajuda. Quem te amava ajudou-te a morrer porque
estás melhor assim. Subiste ao céu, vieste para junto do Pai, tal como te
ensinaram. O teu destino era este: ser morta por quem te deu vida. Hás-de
voltar para eles. Nada se cria, nada se perde...</span></span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-79653987093038355282012-04-15T11:07:00.000+01:002012-04-15T11:07:17.042+01:00<div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">II COE - IV Desafio</span></strong></div><div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">Texto vencedor por Marianne:</span></strong></div><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Esta cidade adormece quente. É Agosto e há turistas por todo o lado. Deambulámos sem rumo durante horas, eu imersa em mapas que não consegui entender. Brincas comigo por causa dos mapas que insisto em traduzir e que nunca nos levaram a lugar nenhum. Desistimos e voltamos ao hotel, um sítio simples no centro da cidade. Anoiteceu devagar. No horizonte há ainda um tom diáfano que relembra o dia que agora se acaba. Subimos pela escada em silêncio. Subo à tua frente. Sobressalto-me com a tua mão na minha perna, não um toque casual e sim um impulso forte. Impedes-me de avançar para o degrau seguinte. Obrigas-me a ficar de frente para ti, a parede nas minhas costas. Encostas-te a mim e sinto-te duro, voraz. Beijas-me sôfrego, como se quisesses engolir-me sem perder tempo. Percorres o meu corpo com as tuas mãos e, entre beijos, sussurras-me ao ouvido “quero-te agora”. Olho em redor e não se vê ninguém. O hotel está silencioso, os restantes ocupantes certamente perdidos entre jantares pela cidade. Não resisto ao sabor dos teus beijos, esse gatilho armadilhado que sempre foi o meu carrasco. Já me esqueci de onde estou e não quero saber de nada. Desces devagar, a tua lingua pelas minhas pernas vestidas com uns calções cúmplices. Sentes-me quente, a tremer. A minha respiração acelera à medida que a tua língua arrisca círculos dentro de mim. Não precisarás de me despir, bastará que sejas ágil a manobrar tecido. Sei que és. Quando me sentes vir pela primeira vez abrandas, dás-me um segundo para que recupere e operas uma ágil troca de posições. Agora sou eu, dona e senhora de ti, que habitas duro a minha boca. Sei o que tenho a fazer e provo-te que aprendi a lição. Não deixo que te venhas porque quero guardar o momento para partilharmos a dois. Viras-me de costas para ti, sinto a parede quente no meu peito. Agarras-me o cabelo sem meiguice e penetras-me sem cerimónias. Danças dentro de mim num ritmo feroz. Ouves-me calar orgasmos e pedes que me venha para ti. Faço-te a vontade uma e outra vez, enquanto tu te demoras até explodir.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"></span><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Acordo sobressaltada. O relógio diz-me que é demasiado cedo para me levantar. O meu corpo diz-me que precisa do teu agora, fora de sonhos e fantasias. Acordas duro dentro da minha boca. Fazes-me vir mais uma vez.</span></span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-17884130556948521532012-04-08T12:48:00.002+01:002012-04-08T12:51:25.403+01:00<div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">II COE - III Desafio</span></strong></div><div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">Texto vencedor por Marianne:</span></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Isaura tem oitenta e sete anos felizes. As rugas sulcadas no rosto contam histórias que guarda intactas na memória. Isaura foi feliz na sua infância dourada, na universidade de medicina onde entrou para revolucionar uma época, no casamento arranjado pelos pais. Foi feliz grávida por cinco vezes e duplamente feliz nas treze vezes que se tornou avó. Foi incomparavelmente feliz nas cartas que trocou durante anos com Vasco, colega de faculdade partido para África na altura em que podiam ter casado. Não fora ele ter ido exercer para Moçambique e Isaura teria contrariado os pais, recusado casar com Almeno e sido seguramente feliz junto daquele amor que lhe trazia arritmias ao coração.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Hoje, oitenta e sete anos depois, deixou de ser dona do seu tempo, da sua vida, da sua história. Entrou-lhe pela porta o filho Manuel e pediu-lhe que preparasse uma mala com as suas roupas, disse-lhe que levasse dois ou três livros, que não se esquecesse dos seus santinhos. Isaura quis saber ao que iam, que urgência era aquela. Manuel, com a doçura que sempre o traduziu, explicou que Isaura não merece passar sozinha os dias que lhe restam. Nem ele nem os irmãos são capazes de tratar dela como merece, por isso escolheram juntos um lar. O melhor de todos, sublinha Manuel, a mãe vai gostar certamente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Os filhos de Isaura julgam que aos oitenta e sete o prazo já terminou há muito e acham melhor dar à mãe uma suposta tranquilidade que ela não quer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Isaura demora-se na escolha do que há-de levar. Arruma a mala sem grande cuidado, angustiada por sentir-se arrancada à sua vida. Manuel insiste que têm que ir, combinou com a directora do lar às quatro e já são três e meia. Isaura sabe que não voltará a ver esta casa, mas não pode partir sem a caixa onde guarda as centenas de cartas escritas por Vasco. Estão naqueles pedaços de papel todas as razões pelas quais Isaura foi feliz numa vida que não chegou a viver. Isaura relê as cartas todas as tardes e isso basta-lhe para sentir tudo novamente. Cinquenta anos depois, continua apaixonada pelo homem que nunca teve e sabe que tem nas cartas a sua riqueza maior. Carrega no peito a saudade cortante de quinze anos sem Vasco, falecido em Moçambique sem que se reencontrassem, mas tem naquelas cartas o sangue que obriga o seu coração a bater.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-88727525473011920492012-03-31T19:13:00.000+01:002012-03-31T19:13:33.036+01:00<div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">II COE - II Desafio</span></strong></div><div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">Texto vencedor por Brighid:</span></strong></div><br />
<div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">Era uma coisa pouca quando o viu pela primeira vez, uma mãozinha de gente, mal chegava a encher-lhe os braços. Logo quando ela o queria forte e luzidio tinha vindo assim tão sumido. Como se pudesse de repente voltar a não ser.</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">Cuidou-o. Cuidou dele como se faz com os bichos pequeninos, com muito cuidado e desvelo para não desfazer o milagre. Sorriu, chorou, alimentou, embalou e confiou. De dia e de noite. Trabalhou depressa e dormiu sem nunca fechar os olhos. Quando ele lhe sorriu pela primeira vez, sonhou…</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">Havia de fazer dele um príncipe. Um homem príncipe. Um homem bom. Havia de ensinar-lhe as lendas, as luas e as marés. Oferecer-lhe os cheiros, as cores e o canto que planície tem. Contar-lhe os mistérios da vida e a segurança na morte. A confiança de se ser assim - pleno. A capacidade de temer apenas a própria consciência e a voz que que habita as almofadas de menino.</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">Um dia, já ele corria pelos seus pés, levou-o a ver umas estrelas que estavam penduradas numa noite perto de onde moravam. Deitaram-se na erva que trazia ainda o calor da tarde e ficaram fixos ao eixo da terra. A brincar às rodas com a lua. Primeiro ele não se calava. O que era aquele barulho? E aquela sombra mais além? Depois sossegou…</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">- Escuta aquele piar. Está ali uma coruja das torres. Se vier alguém, ela avisa. Ouve agora mais longe. É um sapo, come os insectos que nos picam. Aquele ali a brilhar? É um pirilampo. Ajuda-te a ver o caminho. Se ele fugir e te perderes? Segues a Estrela Polar, indica o norte. Essa, a que segura o papagaio da ursa menor. Calaram-se. </span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">- Mamã, o silêncio serve para quê?</span><a href="" name="_GoBack"></a></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">- Para seres capaz de te ouvir se estiveres confuso e para eu te ouvir se me chamares.</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">- Pois, tu serves para me encontrares. E eu, mamã? Eu sirvo para quê?</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: Calibri;">Ainda hoje, no burburinho dos dias gastos pelo nada, quando vai respirar o sono do seu menino homem ela surpreende a resposta que a deixa dormir. Será verdade que esse não é o seu único propósito, mas continua a dizer-lhe sempre muito baixinho:</span></div><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">- Tu? Tu, meu amor, foste feito para o meu coração bater.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-14425715962309085422012-02-20T16:00:00.008+00:002012-03-25T17:36:02.324+01:00<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: large;"><b>II COE - I Desafio</b></span></span></div><div style="text-align: center;"><strong><span style="font-family: Trebuchet MS; font-size: large;">Texto vencedor por Marianne:</span></strong></div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-family: inherit;">A porta abria-se devagar, não entrava luz. Tinhas sempre cuidado para que eu não desse por ti. Sentavas-te aos pés da minha cama, fazias-me festas no cabelo. Eu não chegava a adormecer profundamente porque sabia que havias de ir ao pé de mim. Fazias o mesmo todas as noites. Mal ouvia a tua respiração e tentava que não ouvisses a minha. Entrelaçavas os dedos no meu cabelo, passavas-me a mão na testa, nas bochechas e nos lábios. Ouvia o roçagar do tecido. Punhas a mão dentro das calças do pijama e tocavas-te enquanto, com a outra mão, me afagavas o cabelo. Sentia-me encolher como um caracol na casca, mas não me mexia. Depois ajoelhavas-te à minha frente, duro, enorme, continuavas a tocar-te e chegavas a ponta do pénis aos meus lábios. Eu fingia dormir. Puxavas-me o queixo para baixo e abrias-me a boca, que logo preenchias com aquela parte de ti. Agarravas-me o cabelo com mais força e fazias tu os movimentos de que precisavas para gostar daquele momento, que repetias todos os dias. Quando terminavas limpavas o que houvesse a limpar, davas-me um beijo na testa, ajeitavas-me os lençóis e dizias baixinho “até amanhã”. Eu encharcava a almofada com lágrimas que não sabia porque me corriam pela cara.<br />
De manhã acordavas-me com beijos, atiravas-me ao ar, tratavas de mim. Dizias que me amavas e partias feliz.<br />
Eu não entendia. Aos cinco anos não se entendem rituais que não nos explicam. Não se sabe que um pai não pode fazer isto a um filho. Não se sabe que é errado, mas sente-se que algo não bate certo. Eu não sabia. Odiava cada momento desde que me deitava até que acordava na manhã seguinte, mas não sabia porquê. Cresci. Comecei a entender. E a odiar tudo em ti. Foste o pai que me violou. Que me obrigou a fazer coisas que não percebia mas que agora sei quão doentias são. Odeio que pensasses que não me fazias mal nenhum. Odeio que me usasses para teu prazer. Eu, que era teu filho e tinha apenas cinco anos, acolhia na boca toda a tua insanidade, noite após noite. Odeio que vivas. Que sejas meu pai. Odeio que tenhas pensado que podias usar-me para ter o prazer que não conseguias em mais lado nenhum. Foi por isso que hoje, 20 de Março de 2012, te matei com um tiro no coração.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-72561138329990568062012-02-19T19:48:00.000+00:002012-02-19T19:48:07.128+00:00<div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">I COE - VI Desafio</span></strong></div><br />
<strong>Texto vencedor por <u><em>Lénia Rufino (Marianne)</em></u></strong><br />
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Tinha treze anos e não sabia muita coisa. Mas sabia que adorava palavras, histórias, vidas transformadas em textos, textos convertidos em livros, livros metamorfoseados em horas de prazer. Um dia, com as entranhas reviradas pelo Massacre de Santa Cruz, em Díli, escreveu um poema. Depois, milhares de poemas. Não é eufemismo – foram milhares de poemas escritos em dezenas de cadernos que a acompanhavam para todo o lado. Escrevia como respirava. Lia mais ainda. E percebeu rapidamente que, se o mundo corresse de feição, a sua vida seria passada a escrever. Mais do que um gosto, uma paixão. Talvez fosse o seu único talento. Era na escrita que se tornava humana. Era nas palavras que matava a solidão. Escrevia porque precisava de escrever para viver. E escrevia porque só escrevendo se sentia feliz.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Cresceu e nunca deixou de escrever. Foi guardando palavras em gavetas, como quem guarda tesouros que um dia há-de revelar.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Um dia, desafiada como quem se encontra perante um abismo, inscreveu-se num concurso de escrita. Pensou que, no limite, lhe serviria para se exercitar, para escrever sob as ordens de outra pessoa, sem estar apenas à mercê do que a imaginação lhe ditasse na altura. Escreveu. Sorriu perante os textos que lhe nasceram nas mãos, escreveu e apagou, até ter tudo conforme queria. Esperou ansiosa pelos resultados dos desafios e foi pensando que não estava a sair-se mal. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Surpreendeu-se com o final do concurso. Venceu e não esperava. Mentira: queria e esperava vencer. Porque queria escrever e sabia que este era um degrau que poderia levá-la longe. E levou. Continuou a escrever, editou livros, mereceu prémios mas o que a fez sentir que cumprira a sua missão foi chegar aos sessenta e muitos anos e perceber que tinha imensos leitores fiéis, que davam sentido a esta vida feita de palavras e histórias vivas. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">É este o seu legado: as palavras, as histórias, as personagens a que deu vida. Criou mundos para lá do mundo, gerou conflitos que aplacou com inteligência, matou pessoas e fez nascer heróis, mudou o curso da história, destruiu civilizações, deu voz a seres inanimados, trouxe às palavras o bater do coração de todos os que só existem na sua imaginação.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Trebuchet MS;">Fez-se escritora e cumpriu-se enquanto pessoa. Orgulha-se de que o primeiro concurso literário que venceu tenha sido o I Concurso Online de Escrita.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-43922604715769825692012-02-12T13:49:00.000+00:002012-02-12T13:49:04.437+00:00<div style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: large;">I COE - V Desafio</span></strong></div><br />
<strong>Texto vencedor por<em> Dias Cães</em></strong><br />
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<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Nascemos com poucos dias de diferença. Crescemos lado-a-lado na mesma rua em que o alcatrão quente de Verão nos marcou os joelhos das muitas brincadeiras que arriscávamos. As frutas, que colhíamos das árvores dos nossos quintais - e que roubávamos dos nossos vizinhos quando as nossas não eram doces - nunca discriminaram a boca por onde andavam. Acolhiam a minha e depois a tua, queimando-nos a saliva da castidade. Ainda brincávamos com o fogo quando, para nós, este ainda não se escrevia com a realidade. A nossa inocência não nos fazia ver, nem prever, que o que nos unia naquelas galhofas, com os sucos das frutas que nos lambuzavam as caras, ia muito além de brincadeiras de crianças. Aquelas coisas que sentíamos na barriga não eram maleitas de infantes nem excesso de açúcares. A barriga tremia porque nos aproximávamos dos anos em que nos poderíamos desfrutar em pleno. Sem preconceitos. Sem barreiras. De vez em quando um olhar trocado denunciava-nos. O toque de mãos acidental, deixava de o ser a cada transpirar de ansiedade. A cada inspiração ofegante de medo. Os nossos corpos pediam-se a cada passar de anos. As nossas bocas acabaram por se encontrar com a maturidade. Sabíamos que a idade nos iria libertar para viver esta grande paixão, que nasceu, crê-se hoje, ainda nas barrigas das nossas mães, quando se juntavam à conversa de braços estendidos sobre o muro.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas nunca as nossas mães se teriam rido e conversado sobre aquele muro se soubessem que um dia nos amaríamos tão inesperadamente. Se adivinhassem que o que trocávamos, além de brinquedos e risadas, eram também arritmias de coração. Nunca se teriam olhado sequer de frente. Fomos a vergonha das nossas mães. O nosso amor foi o maior terror das suas vidas. O nosso amor foi a tua e a minha salvação. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Sem ti não saberia o que é o calor de uns pés debaixo dos lençóis. Nem o cheiro do pão quente de manhã, servido na cama. Não saberia a que sabe um beijo de madrugada enquanto fazemos amor bem devagar. Olhos nos olhos. De sorriso nos lábios. De pele suada.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Não saberia nada disso porque apenas tu poderias compreender o que surpreende uma mulher. O que é o desejo de uma mulher. Como se ama o corpo de outra mulher. Apenas tu, minha adorável mulher, poderias saber como me amar por teres um corpo igual ao meu.</span></div><br />
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<strong>Texto vencedor por <em>Me - OMQ</em></strong><br />
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<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Esta é uma história de amor das que nunca chegou a acontecer.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O porquê estará no crer de cada um.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Vejamos.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Ele, músico, musicava. Ela, atrasada. Não sabia para o que ia, não se apressou (se soubesse, ter-se-ia apressado ou atrasado mais?). Chegou lá e, de início, nem ouviu o que os outros ouviam. Quase violentamente, deu-se conta de voz com sotaque estrangeiro àquelas bandas que lhe deixou os sentidos em sentido. Em alerta, virou a cabeça tão rapidamente que nem chicote esfomeado por montada preguiçosa. Dá-se conquista da visão. Moreno, de sorriso generoso e mãos bonitas. O olfacto, farejando o ar e enchendo-a de certezas inexplicavelmente simples, conquistado. Estava entregue.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Andaram numa troca de amigáveis mensagens pelo facebook (onde mais?) durante uns tempos até ela saber que iria actuar perto dali, e, num rasgo de puro desafio ao destino, foi-se apresentar em tal noite sem se apresentar, dizendo-lhe apenas que tinha 10 segundos para saber quem era. E ele soube. Iria ter com ela depois. Ela esperou. Ele foi. E quando começaram a conversar, ele fugiu. Olhou-a nos olhos, deu um passo em frente, encarnou ar de medo, declarou que tinha de se ir embora. Porquê?, perguntou. Não posso, ouviu. E ele fugiu dela. E ela sorriu, de coração cheio e sentidos em festa por ter estado correcta no sentido que levara. </span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Mas ele tinha namorada e ela hipótese nenhuma contra aquele coração fiel.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Uns tempos depois, em concerto de rua com sessenta mil pessoas na assistência, deu de caras com ele. Logo ele. Foda-se, pensou. Deu passo atrás. Ele pareceu ofendido. O sorriso rasgado foi-se. Pediu-lhe dois beijos. Ela anuiu. Olhou-a com ar de súplica. Ela continuou caminho atirando um “Ya” para o ar. Ya? Ya. </span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Numa erupção de excesso de confiança e mais burrice, enviou e-mail longo e profundo informando-o de que, mesmo não sabendo o quê, achava que havia ali algo para querer (e crer). <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Scribendi nullus finis</i>. Não houve resposta. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Semper fidelis</i>. </span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Encontraram-se mais duas ou três vezes depois deste episódio. Olhares de quem guarda segredo. Nada mais. </span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Esta história de amor, como tantas outras, podia ter sido mas não foi. Ainda, crê-se.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Mas ela sabe. Soube-o no momento em que o viu. Soube-o no momento em que ele lhe fugiu. </span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Há momentos que valem o resto da história. No amor, se assim não for, não vale a pena.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Haja histórias para contar.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-68575610575365397872012-02-04T16:42:00.001+00:002012-02-04T16:44:16.142+00:00<div style="text-align: center;"><strong><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;">I COE - IV Desafio</span></strong></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Times;"><strong><span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Texto vencedor por </span><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><em>Dias Cães</em></span></strong></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Times;">5152 dias. Há 5152 dias que não via a luz do dia. Dormia quando os olhos se fechavam e acordava quando o ar lhe faltava. Os olhos, cegos pela luz que não tinham, inibiam-lhe o caminho das mãos. Escrevinhava com as unhas grandes pelas paredes, mesmo no desencaminho das vistas. Comia coisas que sentia vivas entre os seus pés e os seus cabelos. Bebia a água fétida que escorria pelas paredes. As suas entranhas travavam-lhe o alimento à boca mas empurravam-lhe as mãos contra as paredes. Escrevia cega. Escrevia desenfreadamente como se visse. Escrevia como se tivesse as mãos de fada de outrora. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Times;">Para ali fora empurrada há 5152 dias para escrever uma história única e, sem saber, assim o havia de cumprir. A história escrevia-se a cada segundo. A sua vida também.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Times;">A vibração imensa das paredes aterrorizaram-na. Não ouvia qualquer ruído há anos e por isso rendeu-se ao medo. Uma luz invadiu-lhe num ápice os olhos que acreditava cegos. Figuras de homens apossaram-se do espaço e entoaram palavras confusas. Pareciam felizes mas incrédulos. Quiseram tocar-lhe e ao mesmo tempo ceder ao espanto. Os focos de luz, que apontavam sobre as paredes verdes e negras, revelavam agora uma dura realidade. A escritora que todos procuravam nunca se perdeu. Esteve sempre ali, naquelas paredes escritas à unha. Morreu apenas a mulher escritora de preceitos rigorosos. Nasceu a nefelibata. Nasceu o que aquele antro conseguiu parir: a maior obra-prima que o mundo havia de descobrir.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Times;">A adorável jovem recebia os aplausos de todos os presentes no auditório. Todos lhe reconheciam o talento e não estavam ali por outro motivo, que não fosse, dizer-lhe o quanto as suas palavras inspiravam. Apesar de jovem, apenas respirava prosa intensa e bem estruturada. De bom cálculo gramatical e sem desalinho a apontar. O rigor pautava-lhe as palavras. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; mso-bidi-font-family: Times;">Talvez por tal cobiça ter sido tão propagandeada, a sua história pessoal foi travada por um episódio demasiado real. Provar-se-ia, anos mais tarde, que havia quem não soubesse distinguir a ficção dos livros da realidade da vida. Pois que houve, quem quisesse escrever história com as suas próprias mãos, roubando anos a uma vida que tão bem escrevia.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Times; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "MS 明朝"; mso-fareast-language: JA; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">Há 5152 dias, a escritora mais promissora da década, foi aprisionada por um homem que a queria escrevente apenas para si. Há 5152 dias atrás conheceu a cave nojenta onde havia de escrever a sua obra-prima.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-80547506771073359852012-01-28T17:48:00.000+00:002012-01-28T17:48:38.268+00:00<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>I COE - III Desafio</strong></span></div><br />
<strong><span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;">Texto vencedor por <em>Dias Cães</em></span></strong><br />
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Ao nascer-do-sol do passado dia 18, faleceu a filha de Manuel e Maria, a mais nova de seus dois filhos. </span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Anuncia-se, pois, que quis o destino roubar-lhe o sopro, precisamente no dia em que festejava o seu 31º aniversário, sem que, sequer, chegasse à hora de o completar. No dia de maior festejo, celebrou-se também o dia de maior dor. Morreu a rapariga mais promissora da terra. Morreu a filha de Manuel e Maria.</span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Os seus pais e irmão, que muito a estimavam, lamentam agora os dois acontecimentos que se juntaram num só dia: Primeiro, que tivesse nascido e, agora, que tivesse padecido. Sabe-se hoje que, se não tivesse nascido, o vexame que a acompanhou à morte nunca teria sucedido.</span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Num percurso de vida que se previa auspicioso, esta jovem finou-se sob uma história fétida que perdurará nas memórias que teremos dela. No dia que comemorava o seu aniversário, quis o destino que se casasse também, com um dos filhos mais queridos da terra. Bom moço, que há-de merecer melhor no futuro, assim Deus o queira. E no mesmo dia, ainda antes de se casar, acabou por morrer nos braços de outro homem. O maior canastrão, que a soube desencaminhar do percurso cândido que a esperava.</span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Ninguém, em tempo algum, haveria de prever que esta boa-filha teria um final tão infeliz e obscuro, que tão poucos quererão recordar.</span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Morreu vestida de noiva no seu aniversário. Não chegou a casar. Nunca no seu útero se criaram fetos, e não chegou a ser amada na noite de núpcias pelo seu marido.</span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Morreu seca, deitada numa cama que não era a sua mas onde Deus quis que se fizesse justiça. Morreu de corpo consumido e de sorriso nos lábios mas sem a castidade que se esperava de uma noiva, de uma filha de pais dignos, pessoas de rosto hirto e brioso. Morreu a filha de Manuel e Maria, da maneira menos católica que estas palavras agora mereceriam.</span></div><div style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial Narrow", "sans-serif";">Pela vida que levou e pela infeliz morte que teve, lembramos hoje, esta irmã que partiu para junto do senhor… De um qualquer outro senhor, que não o do céu, porque Esse, com certeza, não a irá receber.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Não haverá missa para encomendar o seu corpo, por não haver destinatário que a queira acolher, mas a sua família agradece a todos quanto a souberam amar em vida e lhe queiram agora asilar as cinzas.</span></div><br />
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<span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><span style="font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, sans-serif;"><strong>Texto vencedor por <em>Miranda Lopes</em></strong></span></span><br />
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<span style="font-family: "Arial Narrow", "sans-serif"; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Foi encontrada em sua casa morta e em avançado estado de decomposição uma mulher de meia-idade, casada e sem filhos. </span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O mal havia sido feito há muito, o putativo criminoso trouxera-o dentro dele e introduziu-o na mulher, deixando-a dobrada de dores como sucedia sempre que a possuía após a ingestão de excessos de copos em frequentes saídas com os amigos. Ela tinha confidenciado com as vizinhas que desta última vez o vergonhoso ultraje tinha sido diferente, porque nem as abluções que costumava fazer a aliviaram. A vizinhança toda sabia que ele frequentava mulheres da vida, bastava olhar para ele nessas noites de rebaldaria, o cabelo em desalinho, a cheirar a perfume barato e com a camisa traçada de batom cor-de-rosa.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Mas era uma estranha forma de morrer, assim interiormente queimada, as entranhas revoltadas, torcendo-se em cólicas tão aflitivas que passado uns tempos nem conseguia sair da cama. Nessa altura já o homem evitava ir a casa, devido ao cheiro nauseabundo que dela se desprendia como se estivesse a apodrecer por dentro.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Até ver não foram encontradas provas que o indiciem apenas foram encontradas em sacos de lixo à porta de sua casa latas de comida fora do prazo. A mulher morreu envenenada, espumando pela boca num esgar de sofrimento extremo e inusitado. Ele continua a insistir que não teve nada a ver com o caso, que já nem a casa ia.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O colectivo de juízes decidiu aguardar por mais provas uma vez que segundo o acusado teria sido ela que se tinha suicidado, incapaz de gerir uma vida de dor e mágoa, teoria reforçada por uma das vizinhas que mantinha que a mulher tinha ingerido a comida estragada na vã tentativa de exterminar os vermes que germinavam na fornaça do seu ventre.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: EN-US;">Os vizinhos choraram a sua morte, indiferentes ao presumível homicídio, ou suicídio, dava igual porque o que lhes interessava era a paz a que ela se votara, bem-aventurada nessa hora última em que entregara a alma ao criador. Eles sabiam que só havia duas maneiras da mulher escapar a tão porcino malfeitor, matá-lo ou morrer. Não deixa de ser ir<a href="" name="_GoBack"></a>ónico que neste pesaroso final ele tenha herdado todos os bens da vítima, que nunca teve tempo nem saúde para os gozar. Paz à sua alma! Que encontre na imensidão do além aquilo que os bens materiais e a vida madrasta nunca lhe concederam!</span></div></span>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-88832837866301585972012-01-21T17:54:00.001+00:002012-01-21T18:01:04.170+00:00<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif; font-size: large;"><strong>I COE - II Desafio</strong></span></div><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Texto vencedor por <em>Lénia Rufino (Marianne)</em></strong></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";">Heartbreak Hotel – olho de relance para o neon que identifica o hotel e penso que não podia ser mais adequado. Nunca tinha reparado nele e passo dezenas de vezes nesta rua velha. Entro e peço um quarto qualquer, as mãos tremem-me do excesso de tabaco, as olheiras marcam-me o rosto onde lágrimas desceram, abruptas. Na receção, um indiano de meia idade, longe de ter um ar saudável, olha-me se soslaio mas sem interesse. Atrás de si, uma grelha repleta de gavetas alberga as chaves dos quartos desocupados. Pega numa sem atenção e manda-me subir as escadas ao fundo, à esquerda. Subo. À medida que os degraus ficam para trás adensa-se um cheiro indefinido, uma mistura de suor com bolor, que mal me deixa respirar. As lágrimas regressam-me aos olhos e eu não as impeço de descer. Abro a porta com a chave velha e atiro-me sem cuidado para cima da cama. Fico horas a olhar o teto despido, manchas de humidade e vestígios de tinta. Lá fora, uma chuva incerta cai com força nas janelas e molha o parapeito por dentro. Não sei que horas são. Sei que precisava desta concha fechada, deste tempo de silêncio e refúgio. Sei que te perdi. Agarrei-te com a vida que me pedia um futuro e traí-te sem vergonha. Seduziu-me a força de uma vida que não era mim nem nunca poderia ser. Seduziram-me olhos demoníacos que me engoliram a cada olhar. Seduziram-me aquelas mãos frias, de dedos ágeis e esguios, que tocaram todos os poros da minha pele. Perdi-te no minuto em que abri a porta e deixei que ele entrasse, sorrateiro, para virar do avesso o meu mundo demasiado certo, demasiado previsível, demasiado cinzento. Perdi-me no momento em que me julguei capaz de ignorar fronteiras e desalinhar planetas, na promessa daquelas horas de calor absurdo. Eu nunca fui de ninguém. E as lágrimas que agora expulso não são por ti nem por nós. São por mim, pelo tempo que demorei a descobrir-me, pelo tempo que demorei a perceber que aquelas mãos geladas, aquele olhar profundo, aquela voz sublime não são capazes de preencher nada que me falte ser. Perdi-me de mim e sei que neste quarto bafiento, neste hotel ignorado, não vou encontrar senão fantasmas.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><strong>Texto vencedor por <em>Sandra Freitas</em></strong></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 200%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-family: "Arial", "sans-serif";"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Penélope. Chamava-se Penélope.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Era jovem, bonita e sonhadora. Mas não era feliz. Ansiava por sair da sua aldeia e viver todas as peripécias que lia nos romances que comprava na única tabacaria que existia naquele lugar pacato, rural e escondido das confusões do restante mundo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Aos domingos à tarde, Penélope gostava de ir até à estação de comboios, sozinha e envergando o seu vestido domingueiro, a sua mala de pele castanha, os seus sapatos de tacão alto e o seu leque de senhorinha. Ficava por ali, horas infinitas, a sonhar, a imaginar que ia viajar ou que retornava de uma viagem. Inventava mil histórias para si e, muitas vezes, para as poucas pessoas que via passar. E sonhava com o amor…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Já ninguém dava importância a Penélope, sentada no seu usual banco, perdida nos seus pensamentos. Era de boas famílias, bonita, tranquila, simpática e educada. E se era assim que se sentia feliz, então porque não deixá-la envolta no seu mundo?</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Dizem que, numa dessas tardes de domingo, um desconhecido parou depois de reparar nela. E que se apaixonou perdidamente pelo rosto calmo e sorridente de quem espera algo. Falou-lhe. Tornaram-se amigos, depois namorados. E, dali para a frente, aos domingos à tarde, Penélope aguardava finalmente alguém que era real, enquanto abanava o seu leque com uma expressão de felicidade no olhar.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Um dia, ele não veio. E domingo seguinte também não. E no seguinte também não. Penélope definhou <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mas não desistiu daquele amor. Acreditava que ele voltaria para ela. E os seus olhos brilhavam sempre que um comboio parava na estação, aos domingos à tarde.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Os anos passaram…</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">Diz o povo que, numa tarde de primavera, o desconhecido amado regressou à aldeia. E encontrou-a sentada no mesmo banco de madeira verde, com a roupa de domingo, a mesma mala de pele castanha, os mesmos sapatos altos e o mesmo leque que ainda abanava graciosamente. Chamou-a mas ela não olhou, parecendo não o reconhecer. Sentou-se então ao lado dela e abraçou-a com os olhos lacrimejantes. Cheirou-lhe o cabelo agora esbranquiçado e observou-lhe o rosto enrugado e pequeno. Foi então que ela abriu um sorriso vagaroso mas feliz. Deixou cair o leque e pegando-lhe no rosto também marcado pelo tempo, murmurou:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri;">- Meu amor! Estava à tua espera.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-85773895047112743112012-01-12T11:28:00.001+00:002012-01-15T01:14:41.402+00:00<div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b>I COE - I Desafio</b></span></div><div style="text-align: center;"><b><br />
</b></div><div style="text-align: left;"><b><em>Texto vencedor por</em> Miranda Lopes</b></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Estava sentado no cadeirão do escritório onde se tinha refugiado para fumar um cigarro à beira da janela aberta de par em par. O jantar tinha corrido bem, a sua mulher era a perfeita anfitriã e tinha preparado quase tudo de véspera. O possante peru assado era o rei da mesa, ainda que a abundância à sua volta não lhe ficasse atrás. O sogro tinha feito as honras e trinchado o animal com mestria. Até a sogra parecia ter controlado o habitual azedume e sorria enquanto enchia o prato de iguarias preparadas pela filha, reconhecendo que em matéria culinária ela a tinha amplamente superado.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><a href="" name="_GoBack"></a><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "MS Mincho";">Nos olhos dela via o orgulho decorrente duma tarefa conseguida. Com a sua luz cobria o miúdo, os pais, e chegava até ele que se esforçava por devolver o olhar nas condições que ela lhe pedia. Sem dúvida tinha sido uma mulher perfeita, dedicada, carinhosa, atenta. Não tinha nada a apontar a essa mulher que tinha deixado curso e carreira de lado para criarem juntos a família que todos esperavam dele, filho primogénito e fiel depositário duma genética feita de homens trabalhadores e honestos, tal como o pai e o avô. Nesta noite de Natal sabia o quanto lhe queria transmitir com aquele olhar de devoção extrema, aliás ela própria lhe sussurrou ao ouvido ao passar-lhe a flute de champanhe para o tradicional brinde “a nós, para sempre!”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "MS Mincho";">Aproveitou um momento de distracção enquanto o miúdo se deliciava com os presentes em demasia para subir até ao escritório. Olhou em volta para a organização e limpeza irrepreensíveis, pegou nas molduras que ali estavam, dos dois no dia do casamento, os três no dia do nascimento do filho, e novamente os três nas últimas férias que tinham passado na casa perfeita da família perfeita da sua mulher.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial", "sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: EN-US;">De repente lembrou-se do António, seu melhor amigo de infância. Recordou essa outra noite de Natal em que soube que tinha sido encontrado enforcado no seu quarto, onde tinham passado a tarde deitados na cama, nus, agarrados um ao outro como duas metades do mesmo destino. Lembrou-se do seu cheiro, daqueles olhos doces e daquele sorriso de menino que lhe provocava uma comoção e um desequilíbrio tal como sentia agora. Apercebeu-se que tinha subido para o beiral da janela. Olhou para a noite feita manto de estrelas cadentes e deixou-se levar no embalo das memórias desse outro Natal perfeito.</span></div>Escrita Onlinehttp://www.blogger.com/profile/07176019845101844963noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7782923455960432545.post-53537366858500378802011-11-20T11:14:00.005+00:002012-09-19T11:47:52.747+01:00Regulamento<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>1. Instalação e finalidade</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>1.1.</b> Especialistas da área educativa licenciadas em Pedagogia pela Universidade de Coimbra, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">escrevinhadoras</i> viciadas | <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bloggers</i> e leitoras compulsivas, de forma a estimular o gosto pela escrita, decidiram criar e lançar o <span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: #783f04;">Concurso Online de Escrita</span></b></span>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>1.2.</b> O <span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: #783f04;">Concurso Online de Escrita</span></b></span> será constituído por cinco (5) desafios, ao longo de cinco (5) semanas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>1.2.1.</b> Será apresentado um desafio por semana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>2. Modo de funcionamento</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>2.1.</b> Todas as Quartas-feiras será enviado, para todos os concorrentes via e-mail, o desafio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>2.2.</b> Terão até à Terça-feira seguinte <span style="font-size: x-small;">(às 23:59h)</span> para escrever o texto que lhes é pedido e para o enviarem para o seguinte endereço: <u>c.escrita.online@gmail.com</u>;</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>2.3.</b> O júri pontuará cada um dos textos de zero (0) a vinte (20) valores, de acordo com critérios de <i>qualidade</i>, <i>criatividade</i>, <i>organização</i> e <i>originalidade</i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>2.4.</b> As pontuações serão, semanalmente, enviadas, via e-mail, para todos os concorrentes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>2.5.</b> O vencedor do <span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: #783f04;">Concurso Online de Escrita</span></b></span> será o concorrente que somar, no final das cinco (5) semanas, mais pontos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Calibri;">3. Inscrição</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>3.1.</b> Podem participar no <span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: #783f04;">Concurso Online de Escrita</span></b></span> todos aqueles que estejam dispostos a escrever em língua portuguesa, maiores de dezoito (18) anos, independentemente da sua nacionalidade ou do país onde se encontrem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>3.2.</b> As inscrições são individuais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>3.3.</b> O custo de inscrição é de dez (10) <i><b>"<span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-style: normal;">livros"</span></span></b></i> para todo o concurso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>3.4.</b> Para formalizar a inscrição, bastará enviar um e-mail a expressar esse desejo para o endereço electrónico <u>c.escrita.online@gmail.com</u> – ao qual se responderá com brevidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">3.4.1.</b> Para a inscrição ficar total e devidamente efectivada será, posteriormente ao e-mail mencionado em 3.4., enviada a Ficha de Inscrição que deve ser preenchida correctamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">3.4.1.1.</b> Deve ainda efectuar o pagamento da inscrição - dez (10) <i><b>"<span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-style: normal;">livros"</span></span></b></i> - e enviar comprovativo para o endereço já citado: <u>c.escrita.online@gmail.com</u>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>3.5. </b>O número de participantes é limitado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>3.6.</b> A inscrição é feita por ordem de chegada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>4. Natureza dos prémios</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>4.1.</b> Todas as semanas, se assim for dada permissão pelo autor, será divulgado no blogue do concurso - <u>http.//escrita-online.blogspot.com</u> - o texto vencedor de cada desafio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">4.2.</b> O Prémio Final é de cinquenta (<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">50</span>) <i><b><span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-style: normal;">"livros</span></span>"</b></i>.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>5. Constituição do Júri</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>5.1.</b> O Júri será composto por <b><span style="color: white;">1.</span></b> uma especialista da área educativa licenciada em Pedagogia pela Universidade de Coimbra - Organização do <b>COE</b>, <b><span style="color: white;">2.</span></b> uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">blogger</i> convidada - vencedora das primeiras edições e <b><span style="color: white;">3.</span></b> uma leitora compulsiva.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>6. Casos omissos e dúvidas de interpretação</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b>6.1.</b> Os casos omissos e as dúvidas de interpretação serão resolvidos pela Organização.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">7. Disposições Finais</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">7.1.</b> Todos os concorrentes inscritos aceitam este Regulamento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">7.2.</b> Todas as informações relativas ao <span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><b><span style="color: #783f04;">Concurso Online de Escrita</span></b></span> serão divulgadas através do blogue <u>http://escrita-online.blogspot.com</u> e tudo o que seja de total interesse dos concorrentes será enviado para o mail de contacto cedido na Ficha de Inscrição.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">7.3.</b> A Organização reserva-se o direito de anular o concurso no caso de não existir número suficiente de inscritos. Tal implicará a devolução do custo da inscrição - dez (10) <i><b>"livros"</b></i> - aos participantes.</span></div>
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